Fri, 07/29/2022 - 22:31
Inicialmente a apontar para o céu na sequência da pandemia de 2020, o ouro e a prata estão, de facto, presos num mercado lateral ao longo dos últimos dois anos. Ao seu preço atual de $1.721, o metal dourado está, na verdade, abaixo do seu pico de 7 de agosto de 2020, no valor de $1.743. A história da prata também é semelhante, estando agora numa baixa de $18,60. No entanto, a maré poderá estar prestes a mudar, à medida que a Fed aumenta as taxas em mais 75 pontos base. Mas o que é que está por detrás do fracasso dos metais preciosos após o seu rally no início de 2022, e como é que os traders devem posicionar-se nesta classe de ativos crucial?
Aumento dos rendimentos T-note
No meio de uma inflação de dois dígitos após enormes medidas de estímulo da era pandémica, os bancos centrais de todo o mundo foram forçados a agir de modo a controlar a pressão sobre os preços. Agravados ainda mais por problemas das cadeias de fornecimento, os preços ao consumidor de muitos bens domésticos de primeira necessidade aumentaram mais de 20%, no espaço de apenas alguns meses, e era simplesmente necessário agir.
A Reserva Federal dos EUA foi talvez a mais agressiva na sua política, aumentando as taxas em quase 2%, em três aumentos independentes, desde janeiro deste ano. Não surpreende que isso tenha levado a aumentos significativos dos rendimentos das obrigações do Tesouro dos EUA, com as notas de 2 e 10 anos a oferecerem agora rendimentos acima dos 3%. Dado o papel principal do ouro e da prata como armazenamentos de ativos de 'porto seguro', estas taxas de retorno atrativas, no mercado obrigacionista mais líquido, sufocaram naturalmente a procura de metais preciosos.
Dólar forte
Outro efeito inevitável dos aumentos das taxas da Fed foi um dólar americano mais forte, com a fibra (EUR/USD) a atingir recentemente a paridade, pela primeira vez, em mais de duas décadas. Novamente, as fiat são obviamente um instrumento muito mais líquido do que os metais físicos, e isso levou muitos investidores a preferirem dinheiro invés de ouro ou prata, recentemente. Enquanto são boas notícias para os detentores de USD que pretendem negociar com a Europa ou a China, um dólar excecionalmente forte é terrível para as exportações dos EUA. O regulador dos EUA fez agora a sua segunda escalada consecutiva de 75 pontos base, colocando a sua taxa de juro na faixa alvo dos 2,25-2,50%. Com o BCE ainda relutante em enveredar por um caminho totalmente radical, o dólar norte-americano continuará a fortalecer-se face a outros líderes mundiais, a menos que a Fed coloque em espera os seus planos de uma taxa de juro nos 3%+ até 2023.
Tenha cuidado com a recessão
Embora, normalmente, não se trata de algo que os traders olhem com otimismo, é provável que a recessão global seja o catalisador que os metais preciosos precisam para sair do seu canal lateral e alcançar novas alturas. O consenso é que a Fed será obrigada a aliviar o seu ambicioso programa de subida das taxas, a fim de amortecer a próxima recessão e permitir que o ouro e a prata recuperem como cobertura contra a volatilidade e a inflação. A fraca confiança dos consumidores e os números do PMI na zona euro são bem conhecidos, após a crise energética ao longo de meses a fio, mas agora o S&P Global US Composite PMI caiu de 52,3 para 47,5 em junho, enquanto o índice dos serviços caiu de 52,7 para 47.
Isto levou a Casa Branca a sugerir que deveríamos repensar a definição de recessão como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, mas o declínio dos rendimentos reais e a queda das exportações são bastante prejudiciais por si próprios. Como sempre, o que é mau para os negócios tende a ser bom para o ouro e, como tal, porque razão esperar que neste momento seja diferente?
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