Fri, 12/13/2024 - 08:48
Após um período de relativa calma e consolidação, o mundo das criptomoedas foi surpreendido na semana passada, quando o Bitcoin ultrapassou o seu principal nível psicológico de $100.000 pela primeira vez na sua história. Esta conquista monumental para um ativo intangível, outrora com uma valorização de apenas uma fração de dólar, destaca a recuperação notável da totalidade do mercado das criptomoedas, após o colapso de várias entidades cruciais para a indústria em 2022. A máxima de +5% ou $103.853 registada na noite de quarta-feira, foi seguida por uma ligeira correção para $101.590 no final da manhã de quinta-feira, representando uma valorização total superior a 520% para o Bitcoin, em contraste com a mínima de $16.000 apresentada a novembro de 2022.
A criptomoeda original conta com uma valorização interanual superior a 140% e, aparentemente, não existe um final à vista para a sua jornada positiva. Os chamados ciclos "boom and bust", caracterizados por subidas e quedas acentuadas, não são inéditos no BTC, mas este ciclo bullish tem um tom diferente, considerando que a dinâmica dos investimentos entre investidores comuns e institucionais começa a assemelhar-se aos restantes mercados financeiros de peso, impulsionado pelo "dinheiro graúdo", e não apenas por pequenos traders entusiasmados. Neste artigo, iremos olhar atentamente para estes dois perfis de investidores completamente díspares, e debater como estas dinâmicas individuais irão afetar o preço do BTC em 2025 e no futuro, considerando múltiplos fatores macroeconómicos e políticos.
Terapia a retalho
Como é frequente no universo das criptomoedas, os investidores a retalho (traders comuns, não profissionais) desempenharam um papel vital no crescimento acelerado do Bitcoin durante o trimestre final de 2024. No entanto, o ciclo atual é apenas uma etapa no longo percurso bullish revelado desde janeiro de 2023, pelo menos. Agora que a criptomoeda original quebrou o principal nível de Fibonacci e barreira psicológica de 100.000, é sensato antecipar outro momento de ação no mercado de retalho durante, ou imediatamente após a época festiva. Isto seria compatível com os dados históricos do preço do BTC dos anteriores ciclos bullish.
De facto, quando o Bitcoin ultrapassou os $7.000 no final de 2017, uma série de ICOs (ofertas iniciais de moedas) despoletou uma impressionante corrida no mercado de retalho que ajudou o Bitcoin a alcançar os $20.000, terminando ao longo dos três meses seguintes. Observámos um caso semelhante em 2021, quando o BTC quebrou os $60.000 em março com o "hype" dos NFTs, apenas para ser bombardeado com dois colapsos de larga escala que derrubaram o mercado em novembro. Esta explosão alimentada pelos investidores comuns foi seguida por uma queda relativamente veloz, de volta à realidade, criando uma narrativa moderna de desastre e comprovando a antiga teoria de que os "engraxadores" não devem partilhar dicas sobre o investimento em ações. Tipicamente, quando a imprensa sensacionalista começa a cobrir um mercado bullish, a queda inevitável torna-se eminente. Desta vez, existe outro grau de incerteza provocado pela entrada de Donald Trump na Casa Branca, e o seu apoio enfático aos ativos digitais, e pela extrema disparidade na distribuição de investidores comuns e institucionais em 2024, comparativamente ao período pré-pandemia.
O "dinheiro graúdo" é que manda
Como já foi abordado anteriormente, o panorama no mercado das criptomoedas mudou drasticamente desde a pandemia, principalmente na proporção de investidores comuns em comparação ao número de instituições. No mês passado, o volume de investimentos institucionais no BTC ultrapassou os $80 mil milhões, com poucos sinais de abrandamento para o futuro. A introdução de um veículo familiar e acessível para os gestores de fundos, sob a forma de novos ETFs de Bitcoin à vista, ajudou certamente a impulsionar este crescimento, mas também é uma resposta orgânica à estabilização e redução de volatilidade do BTC ao longo dos últimos anos. A proporção dos efeitos surtidos por esta gigantesca injeção de capital e a sua influência sobre a trajetória do BTC durante o próximo ano permanece um mistério, mas podemos certamente antecipar um nível adicional de otimismo quando Trump e os seus nomeados assumirem o controlo e começarem a implementar legislações favoráveis às moedas digitais, que irão certamente promover o desenvolvimento de firmas mais focadas nas criptomoedas em Wall Street.
Porém, o próximo nível de adoção institucional será ainda mais profundo, quando os bancos centrais e até mesmo os tesouros estatais começarem a aumentar ativamente as suas reservas de Bitcoin. Todos conhecemos os objetivos ambiciosos de El Salvador para o Bitcoin, mas agora é o Brasil, a superpotência da América Latina, que está a desenvolver a sua própria Reserva Estratégica Soberana de Bitcoin (RESBit), com outros países e estados norte-americanos a considerar propostas similares, incluindo a China, Flórida e Pensilvânia. Durante a última semana, o próprio presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, descreveu o Bitcoin como "igual ao ouro, mas virtual e digital", e a base está estabelecida para uma acumulação mundial de BTC como forma de preservação de valor, possibilitando o crescimento do Bitcoin e, mais importante, permitindo que a moeda digital mantenha esse valor elevado.
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