As ações das empresas norte-americanas viveram um ano emocionante, com um ciclo bullish que surpreendeu o mundo inteiro durante mais de 20 meses. Desde janeiro de 2023, S&P 500 e Nasdaq 100 apresentaram subidas de 35% e 70% respetivamente, e continuam a atrair a atenção dos investidores que procuram lucros a longo prazo. No entanto, observámos algumas fendas no mercado durante a última semana. S&P 500 e Nasdaq 100 apresentaram um declínio coletivo de quase 5% até ao encerramento do mercado na sexta-feira, 6 de setembro, na sua pior semana de trading desde março de 2023. O catalisador para o pobre desempenho dos índices nestes cinco dias foi a deceção provocada pelos dados do mercado de trabalho americano, incluindo a incerteza presente sobre a próxima redução das taxas de juro da Reserva Federal, e a sua respetiva proporção.
Mas a história não acaba aqui. Os principais dados sobre a confiança dos consumidores e inflação são esperados a curto prazo, enquanto as consequências do recente debate presidencial e da última eleição ameaçam moldar o mercado de ações até, pelo menos, novembro. Parece que a trajetória futura do mercado dos EUA será determinada por uma combinação de indicadores macroeconómicos e desenvolvimentos fundamentais até, pelo menos, ao final do quarto trimestre de 2024. Ao longo deste artigo, iremos avaliar esses fatores e o seu possível impacto sobre os preços das ações.
Olhos postos na macroeconomia
Como sempre acontece no mercado de ações, os movimentos a curto prazo serão decididos em parte pela situação macroeconómica dos EUA. A última semana trouxe-nos notícias sobre o mercado laboral, com 142.000 postos de trabalho acrescentados em agosto de 2024, segundo os dados do Bureau of Labour Statistics (BLS), representando um aumento de 28.000 comparativamente a julho. Também descobrimos que a taxa de desemprego diminuiu 0,1%, com um crescimento salarial interanual de 3,8%, ligeiramente superior às estimativas, que suportou os comentários de Jerome Powell em Jackson Hole, confirmando que o mercado de trabalho já não representa uma ameaça inflacionária. Esta evolução justifica ainda mais um corte de pelo menos 25 pontos base nas taxas, quando a autoridade reguladora dos EUA se reunir em 18 de setembro. E a ferramenta FedWatch da CME sugere mesmo uma probabilidade de 69% de um corte de 25 pontos base, e uma probabilidade de 31% de um corte de 50 pontos base.
Outro guia macroeconómico, que tanto a Fed como o mercado seguirão, são os últimos números do rendimento do Tesouro. O rendimento a 2 anos terminou a sessão de sexta-feira em 3,651%, o seu nível mais baixo desde setembro de 2022, fechando abaixo do seu homólogo a 10 anos pela primeira vez em quase dois anos. No passado, este comportamento na curva de rendibilidade seria motivo para celebração, mas contrariando a sabedoria convencional, um estudo recente sugeriu que pode ser sinal de recessão iminente. Os números do IPC de agosto, publicados a 11 de setembro, demonstram um desempenho moderadamente acima das expetativas, considerando a queda interanual da inflação para 2,5% (contra as previsões de 2,6%), o seu nível mais baixo desde 2021. Foi um passo significativo em direção à meta de 2% estabelecida pela Reserva Federal, aumentando as expetativas para um corte de 25 pontos base sobre as suas taxas de juro durante a próxima reunião.
O candidato ideal
Com tanta conversa centrada em dados e gráficos, é fácil ignorar o maior fator de influência imediata sobre o desempenho das ações americanas: o resultado das eleições presidenciais. É difícil dizer qual dos candidatos tem o apoio de Wall Street, pois, na verdade, não existe uma resposta única e definitiva. Historicamente, e na perspetiva política geral, Donald Trump seria o favorito, mas o candidato republicano é sinónimo de instabilidade para muitos. Após o debate presidencial desta semana, a probabilidade de vitória de Kamala Harris aumentou para 55%. A candidata democrata delineou os seus planos para aumentar os impostos pagos pelas empresas, de 21% para 28% para garantir que "as grandes empresas contribuem a sua justa parte", propondo uma subida similar para famílias com um rendimento anual superior a $1 milhão.
O maior ponto de preocupação para Wall Street, é a sua ideia de cobrar um imposto mínimo aos contribuintes com um património líquido superior a $100 milhões sobre os lucros não realizados em ativos financeiros, incluindo ações, obrigações e empresas privadas. O aumento confirmado sobre a tributação empresarial, segundo as estimativas, deverá reduzir os lucros das empresas em pelo menos 4%. No entanto, o efeito potencialmente devastador do imposto sobre lucros não realizados é impossível de prever. De qualquer forma, Trump não é propriamente a salvação das bolsas de valores, considerando que o seu plano de tarifas sobre empresas chinesas também iria prejudicar significativamente as empresas americanas com ligações comerciais à China. Independentemente da decisão tomada pela população americana em novembro, as repercussões serão inevitáveis para as ações dos EUA, mas resta saber como responderá o mercado com uma política monetária dovish em 2025.
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