Cunhado como o "Dia da Libertação" por Donald Trump, 2 de abril foi um dia negro para as ações dos EUA. Estas medidas pareciam assinalar o final de um dos ciclos bullish mais longo dos mercados, não como resultado da inflação persistente ou pressão sobre o nível de oferta global, mas sim por uma política implementada pelo próprio governo do país. As tarifas impostas foram abrangentes e atingiram números de três dígitos para algumas nações. A China, de forma infame, esperava ser atingida por tarifas de 145%. O S&P 500 e Nasdaq 100 perderam entre 10% e 15% durante uma única semana de trading entre 1 e 4 de abril. No entanto, o que parecia um golpe devastador para as ações foi rapidamente esquecido, e os principais dois índices americanos conseguiram recuperar os seus níveis "pré-tarifas" de 1 de abril, aumentando mais de 10% no gráfico mensal para alcançar os 5.892,58 (S&P 500) e 21.319,21 (Nasdaq 100).
Os motivos para a recuperação são múltiplos, desde o progresso das conversações comerciais e acordos de paz em várias regiões do mundo, após as importantes reuniões realizadas em Genebra e Istambul, até às alterações internas da política monetária americana. No entanto, a ameaça tripla composta pelo aumento dos preços, incerteza no mercado de trabalho e redução do património nacional continua a pintar um cenário de risco para ativos como as ações. Ao longo deste artigo, vamos tentar ponderar os fatores mais relevantes que afetam as ações, tentando elaborar uma previsão clara para os mercados na segunda metade de 2025.
Cansados de esperar
Quando a Reserva Federal dos EUA se reuniu na última quarta-feira, 7 de maio, os seus constituintes decidiram preservar as atuais taxas de juro de 4,3%, pela terceira vez consecutiva, apesar do nível significativo de pressão da parte de Donald Trump, que deseja diminuir os encargos sobre os empréstimos. Desde que a inflação entrou em território de dois dígitos há dois anos, os mercados estão ansiosos por um retrocesso total para a política monetária em vigor durante a última década, mas Powell permaneceu cauteloso perante a incerteza provocada por uma possível guerra comercial e os atuais conflitos geopolíticos. Embora as ações norte-americanas não tenham ficada propriamente estagnadas, um corte sobre as taxas de juro poderá constituir o impulso necessário para prolongar um dos mercados bullish mais duradouros da história.
Como previsto por muitos, a economia dos EUA revelou uma contração de 0,3% durante o primeiro trimestre, com o aumento acelerado das importações antes do prazo tarifário a prejudicar o crescimento. Por muito racional que seja a explicação, o vulto de uma possível recessão continua a pairar sobre a economia norte-americana, e Powell irá sentir-se obrigado a fazer tudo o que esteja ao seu alcance para evitar um segundo trimestre de declínio no verão. O Presidente Trump voltou a pressionar, insistindo que "a Reserva Federal tem de reduzir os juros", citando a necessidade de baixar os preços dos bens essenciais e afirmando que adiar os cortes "não é justo para a América". Entretanto, os últimos dados do mercado de trabalho demonstram que o setor privado adicionou apenas 62.000 postos de trabalho em abril, exatamente metade do aumento previsto. Não podemos deixar de sentir que o desempenho aquém das expetativas, tanto na economia como no mercado de trabalho, irá exercer uma pressão macroeconómica adicional sobre Powell para reduzir as taxas de juro em junho.
No entanto, a ferramenta FedWatch da CME indica uma probabilidade de apenas 10% para uma redução em junho, embora a projeção possa ser ajustada, caso sejam formalizados novos acordos comerciais. O impacto positivo nas ações após uma redução das taxas de juro seria especialmente poderoso, considerando o atual nível baixo de probabilidade e o desempenho sólido deste mercado em geral, mesmo sem um catalisador poderoso de crescimento como uma política monetária dovish.
Vila global
A guerra comercial iniciada por Trump foi algo sem precedentes na era moderna, mas como já seria de esperar, parece que as ameaças do novo presidente foram apenas parte de uma mera estratégia de negociação. Na sequência das históricas negociações em Genebra no passado fim de semana, os EUA concordaram em reduzir as tarifas sobre produtos chineses, de um valor superior a 100% para 30%, enquanto as tarifas recíprocas da China sobre as importações norte-americanas cairão para apenas 10%. Ambos os países mencionaram a importância de uma "relação económica e comercial mutuamente benéfica, duradoura e sustentável", e a China comprometeu-se em "suspender ou cancelar" outras medidas não pautais contra os EUA.
Imediatamente após as notícias, o Nasdaq Composite disparou 4,3% na segunda-feira, 12 de maio, e as ações das "Sete Magníficas" empresas de tecnologia apresentaram uma valorização superior a 20% em constraste com as suas mínimas de abril. As negociações de paz em Istambul e no Qatar durante a semana terminada a 18 de maio representam igualmente um desenvolvimento positivo para os mercados, com acordos negociados para dois dos maiores conflitos regionais da atualidade, que deverão impulsionar novos investimentos tanto na Europa como no Médio Oriente. Este desenvolvimento surge após os EUA e o Reino Unido terem anunciado um acordo comercial histórico entre as duas nações irmãs, que permitirá um comércio limitado sem tarifas para diversos produtos, incluindo a carne bovina, automóveis, aço e minerais.
Embora ainda não tenha sido anunciado nada em concreto, os rumores indicam que um acordo comercial entre os EUA e a Índia está prestes a ser concluído. Com uma atitude surpreendentemente, o novo Primeiro-Ministro do Canadá, Matt Carney, optou por evitar medidas de retaliação e manteve as tarifas sobre os produtos importados dos EUA a níveis próximos de zero, o que pode significar um possível acordo antes da expiração da moratória de 90 dias estabelecida pelo lado americano. Esta medida resultará naturalmente na expansão do comércio internacional, sendo as empresas norte-americanas as mais beneficiadas pelas condições mais favoráveis.
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