Entre as eleições presidenciais dos EUA e o drama no Médio Oriente, pouca atenção tem sido prestada à pequena nação insular da Grã-Bretanha. No entanto, com a emergente crise nas obrigações do tesouro britânico, o pequeno Reino Unido pode tem um impacto tremendo nos mercados internacionais. Os títulos públicos britânicos (gilts) apresentam a rentabilidade mais elevada desde 2008, com 4,855% nas obrigações a 10 anos e 4,596% a 2 anos (15/01/2025). Embora pareça bastante atrativo à primeira vista, é uma fuga superior a £100 milhões, e as instituições continuam a classificar a libra esterlina e a economia britânica como "mau investimento". O efeito na libra tem sido igualmente negativo, com uma desvalorização de quase 3% em relação ao dólar americano desde o início do ano.
Por muito que isto seja problemático para o Reino Unido, o impacto pode ser bastante mais abrangente, considerando a probabilidade do aumento de vendas do FTSE 100, que pode provocar o pânico geral na Europa. O cerne da questão reside no orçamento de estado apresentado pelo partido trabalhista no último outono, que prevê £70 mil milhões em despesas adicionais, financiadas através do reforço de empréstimos e impostos mais elevados. O partido de centro-esquerda aposta numa substancial injeção de fundos públicos a curto prazo, para estimular o investimento de capital privado a longo prazo. Mas após vários meses, parece que o mercado não ficou convencido com esta estratégia. Portanto, quais serão os fatores a ditar o sucesso ou fracasso desta medida, e qual será o seu impacto sobre o Reino Unido e os mercados mundiais?
Acompanhe as macros
Em todas as políticas económicas radicais, a situação macroeconómica desempenha um papel essencial no sucesso ou fracasso. O panorama com taxas de juro relativamente elevadas vai inevitavelmente deixar a sua marca, num pacote de estímulo que depende fortemente de empréstimos adicionais. O Banco de Inglaterra aumentou as suas taxas de juro de 0,1%, para uma máxima de várias décadas de 5,25% no espaço de apenas dois anos. E mesmo com os dois cortes de 25 pontos base do BoE em 2024, do que seria um prémio praticamente insignificante sobre os £70 mil milhões em 2021 e 2022, o custo permanece num nível anual considerável de £3.5 mil milhões.
Isto não seria um problema caso o nível de procura pelos títulos do governo britânico permanecesse elevado, mas os investidores não estão convencidos de que o aumento da rentabilidade compensa, considerando a desvalorização prevista da libra esterlina. Apesar de tudo, pelo menos um terço das obrigações do Reino Unido são detidas por investidores estrangeiros, e a segurança do dólar americano é bastante mais apelativa, especialmente com um presidente que promete colocar a "América em primeiro", promovendo um ambiente favorável para as empresas. É possível encontrarmos alguma esperança nos números de hoje do IPC, que apresenta uma queda na inflação para 2,5%. Isto pode abrir a porta para uma redução adicional das taxas de juro, ajudando a controlar a rentabilidade das obrigações do tesouro e a valorizar as ações, pelo menos a curto prazo. Um último fator positivo pode ser os números do PIB, que serão divulgados a 16 de janeiro. O aumento previsto de 0,2% pode ajudar a revitalizar o mercado das obrigações, mas apenas se o Cable (GBP/USD) conseguir estabilizar na casa dos 1,20.
Lancem os dados
Muito já foi dito sobre o novo orçamento trabalhista, e o seu efeito na confiança na moeda nacional, mas é importante salientar que esta aposta do governo pode render imenso no futuro. Os impostos mais elevados alienaram inicialmente os empresários, mas a história comprova que as empresas tendem a adaptar-se com o tempo, e não há dúvida de que o objetivo da nova Ministra das Finanças, Rachel Reeves, que engloba a redução do custo da dívida como uma porção do rendimento nacional, é uma medida meritória e necessária. Porém, o orçamento de outubro foi bastante favorável para as grandes empresas. Manteve estável o imposto sobre as sociedades, nos 25%, e fortaleceu as taxas do programa britânico Business Asset Disposal Relief (BADR), que visa reduzir os impostos sobre os ganhos de capital (mais-valias), com a maior parte da carga adicional atribuída aos aumentos dos seguros nacionais.
Os últimos números do PIB (+0,2%) parecem demonstrar que a estratégia funciona, pelo menos numa dimensão. E embora o custo do empréstimo permaneça bastante elevado, nos 4,75%, a menor taxa de inflação significa que o Banco de Inglaterra pode implementar dois cortes adicionais de 25 pontos base durante este ano. A resposta do FTSE 100 foi relativamente discreta, com uma valorização inferior a 2% no índice principal britânico após o anúncio do novo orçamento de estado. No entanto, os modestos retornos também foram replicados por S&P 500 e EURO STOXX 50, portanto, não é motivo para preocupação. No entanto, se o Banco de Inglaterra conseguir aplicar múltiplas reduções sobre as taxas de juro durante o ano, é provável que as ações britânicas sejam valorizadas, por influência do aumento de interesse por ativos de risco.
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