Com todo o entusiasmo em torno dos mercados de ações e criptomoedas, os metais preciosos ficaram "no banco" durante algum tempo. O ouro, no entanto, como ativo de referência para cobertura contra a inflação, continua a fazer o que faz melhor: valorizar gradualmente em segundo plano, sem despertar demasiada atenção. Contudo, o metal amarelo saltou para as manchetes dos noticiários de investimento esta semana, após apresentar um crescimento superior a 10% desde o início deste ano, alcançando uma nova máxima histórica nos $2.800 por onça troy. Esta subida parece tímida, em contraste com os aumentos estonteantes dos ativos digitais, mas para o ouro, é tipicamente um excelente desempenho a nível anual. Considerando que, no espaço de apenas um ano, o valor do ouro subiu cerca de 40%, a incongruência torna-se ainda mais evidente.
Com um mundo assombrado pela incerteza geopolítica, taxas de juro extremamente elevadas e aumento incessante dos preços, podemos afirmar com convicção que não vivemos em tempos normais. Mas que outros fatores impulsionam esta ascensão aparentemente imparável do ouro? Será que o atual ciclo bullish ainda tem pernas para correr?
Ponto 1: O dinheiro é rei?
Em resposta à absurda inflação de dois dígitos de 2022, a Reserva Federal e outros bancos centrais aumentaram as taxas de juro de forma acentuada, atingindo valores superiores a 5% nos EUA e Reino Unido. Esta medida aumentou o interesse por produtos bancários de poupança e outros investimentos de rendimento fixo para preservar capital, criando um período de estagnação no mercado do ouro. Quando a Reserva Federal decidiu iniciar o seu ciclo de cortes nas taxas de juro no início de 2024, a sorte mudou para o ouro. No entanto, as reduções de taxas esgotaram-se na segunda metade do ano e, aparentemente, muitas mais já estavam incorporadas nos preços do ouro e noutros mercados. Se a taxa dos fundos se mantiver acima dos 4% durante grande parte de 2025, pode impulsionar os investimentos em numerário, em detrimento do metal amarelo.
Isto é particularmente evidente na valorização do rendimento das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos, que subiu três pontos base para 4,531% durante a última semana, bem como no aumento dos rendimentos reais, que alcançaram os 2,079%. O inquérito aos consumidores da Reserva Federal de Nova Iorque indica que as expetativas para a inflação permanecem estáveis e racionais, apesar de existirem estimativas entre os consumidores que apontam para uma inflação de 3% a curto prazo. No entanto, as projeções para os próximos cinco anos aumentaram de 2,7% para 3%, sugerindo que seria imperial para a Reserva Federal aplicar qualquer redução das taxas de juro de forma cautelosa e gradual. De facto, os futuros da taxa diretora da Reserva Federal no mercado monetário preveem apenas uma redução total de 38,5 pontos base em 2025, o que continuaria a manter as taxas próximas dos 4%. Com o ouro a marcar novas máximas históricas e os investimentos em numerário a gerar retornos substanciais, 2025 pode apresentar uma trajetória de crescimento mais comedida.
Ponto 2: Período de incerteza
Não podemos analisar apenas os dados macroeconómicos de forma isolada. É necessário olhar para o panorama completo, colocando os dados em contexto com a atual crise mundial. A situação geopolítica na Europa e no Médio Oriente continua a representar um grau elevado de risco, e a efervescência da guerra comercial sino-americana que começou durante este mês pode exacerbar a incerteza, colocando o ouro em posição vantajosa. Na verdade, o teste ao nível de resistência de $2.900 do XAU/USD, durante esta semana, coincidiu perfeitamente com o discurso do presidente Donald Trump, que mencionou novas tarifas de 25% sobre uma vasta gama de produtos provenientes da China, incluindo matérias-primas como o aço e alumínio. Os chineses responderam com taxas fronteiriças de 10% e 15% sobre as importações de carvão e GNL dos EUA, demonstrando o apetite do PCC por um conflito prolongado com a nação americana, caso seja necessário. Contudo, Trump não ficou satisfeito com a sua nova rixa com a segunda maior economia do mundo. O novo presidente ameaçou e implementou tarifas contra uma série de nações, incluindo o Brasil e o Canadá, dois importantes países produtores de ouro.
Entretanto, o estado atual do mercado de trabalho dos EUA também exibe alguns sintomas preocupantes. Com a publicação do último relatório na última quinta-feira (06/02), Departamento de Trabalho dos Estados Unidos da América destacou um aumento no número de primeiros pedidos de subsídio de desemprego para 219.000, referente à semana que terminou a 1 de fevereiro. São sinais que indicam fragilidade num mercado de trabalho que já caminhava em solo precário, aumentando a possibilidade de recebermos novos cortes nas taxas de juro da Reserva Federal. A combinação de todos estes fatores é positiva para o ouro, mas tudo depende da resposta da Reserva Federal perante o impacto de cada força influente.
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