Qualquer pessoa com carro ou aquecimento central a gás não consegue esquecer os aumentos absurdos destes combustíveis essenciais em 2022, assim como o impacto da inflação sobre outros produtos. O Brent alcançou um valor máximo de $122,70 por barril no verão passado. O preço do gás natural, tipicamente sujeito ao maior consumo sazonal, também disparou sem freio, ao ponto do preço dos Futuros Dutch TTF Natural Gas ser quase dez vezes maior do que o valor registado em novembro/dezembro de 2020, alcançando uns estonteantes €290,05 por MWh no final de agosto do último ano.
No entanto, após esta subida desenfreada, os preços de ambos os recursos energéticos entraram numa forte tendência descendente, que permanece para o gás natural. A trajetória do petróleo tem sido ligeiramente diferente, mas o destino é similar. O crude Brent apresentou o maior declínio, atingindo uma mínima em março de 2023, que se manteve praticamente intacta até à data.
Durante esta semana, a estação fria apresentou-se com entusiasmo à Europa, e todos os investidores querem saber o seguinte: O que podemos esperar no preço destes combustíveis até ao final do inverno? Será que os cortes na produção da OPEP+ irão despoletar os expectáveis aumentos nos preços? E será o inverno frio que nos espera suficiente para impulsionar o preço final do GPL, mesmo que a Europa e EUA tenham tido um ano inteiro para se prepararem para esta eventualidade? Vamos descobrir a resposta a estas questões no artigo de hoje.
Gás a aquecer
Como já foi brevemente mencionado, o preço do gás natural continua praticamente em queda livre desde o seu aumento desproporcional durante o verão de 2022. Atualmente, o preço deste recurso energético essencial situa-se no nível inferior da sua média histórica. Com o Dutch TTF cotado a €39,60 por MWh e o Henry Hub a $2,72 por MMBtu (a 6 de dezembro), observamos um "desconto" de 80% em média, comparativamente ao auge do ano passado.
No entanto, existe um bom motivo. A Europa aprendeu a sua lição durante o último inverno, aumentando progressivamente as suas reservas até ao máximo da capacidade. Como resultado, os inventários apresentam agora números recorde, embora a procura pelo gás natural na Europa tenha caído 15–20% abaixo dos seus níveis pré-pandemia devido à redução da procura industrial. Com esta informação em mãos, seria de esperar que a Europa estivesse preparada para lidar com o pico da procura despoletado pela utilização dos sistemas de aquecimento durante o inverno, certo?
Bem, talvez, mas não é assim tão simples. Embora a segurança energética seja bastante mais firme do que há 12 meses, é prudente não exagerar no otimismo. A oferta do gás na Europa permanecerá limitada até ao primeiro trimestre de 2025, pelo menos, considerando que a próxima onda de abastecimento no mercado está prevista para 2025–2026. Caso as previsões para a severidade deste inverno estejam corretas, podemos ser surpreendidos, especialmente se ocorrerem interrupções na cadeia de abastecimento, ou se a procura industrial na Ásia e outras regiões aumentar exponencialmente. Apesar de tudo, parece que a inflação está finalmente mais estável, e é provável que o PMI (em tradução livre, índice dos gestores de compras) regresse à zona de crescimento, mesmo na Europa.
Caso isto aconteça, a probabilidade de aumento no preço do gás aumentará exponencialmente. Antecipam-se subidas ainda mais acentuadas no Henry Hub, devido à relativa força da economia e mercado de trabalho dos EUA, uma abordagem mais "meiguinha" da Reserva Federal perante as taxas de juro e a inflação quase estável.
Apesar da agenda "verde", o petróleo continua à frente da concorrência
O crude (petróleo bruto) é outro recurso importantíssimo que caiu vertiginosamente para níveis mais aceitáveis durante o último ano. Apesar dos seus problemas na cadeia de abastecimento, causados pela instabilidade política regional — desta vez, tanto na Europa como no Médio Oriente — o Brent conseguiu, de alguma forma, evitar uma nova visita ao seu zénite de $120+ por barril. Na verdade, existem vários fatores de pressão que poderiam prejudicar o petróleo, mas parece que os seus efeitos foram inócuos.
Primeiro, temos a esmagadora tendência global para implementar fontes de energia menos prejudiciais ao meio ambiente, liderada de momento pela indústria dos veículos elétricos. Depois, a OPEP+ e as suas nações produtoras de petróleo associadas continuam a ser um fator extremamente poderoso. O cartel, liderado pela Rússia e a Arábia Saudita, já concordou em manter os cortes na produção.
No dia 5 de novembro, ambas as nações concordaram em prolongar as suas respetivas reduções voluntárias na produção para 1,3 barris por dia até ao final do ano. Efetivamente, segundo a Reuters, antecipa-se uma reunião entre dois principais participantes da OPEP+, no final deste mês, para decidir o possível "prolongamento, e a intensificação ou alívio" dos seus cortes diários. Antecipa-se que o efeito dominó deste fenómeno, associado ao aumento da procura no sector industrial ressurgente da China, aumente os preços durante o último trimestre de 2023.
A Administração de Informações de Energia dos EUA indica que o Brent pode atingir os $93 até ao final de 2023, com valores similares para o Light Sweet e WTI. Caso o petróleo alcance estes níveis ao cair do pano, a probabilidade de crescimento contínuo em 2024 só pode aumentar.
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