Após um longo período de "vai, ou não vai?", o mundo foi abalado na semana passada quando o presidente Donald Trump decidiu finalmente avançar e aprovar as suas infames tarifas "recíprocas" contra uma série de países, acusados pela Casa Branca de aplicar impostos injustos sobre os produtos importados dos EUA e de beneficiar do comércio bilateral com a maior economia do mundo. Sem sombra de dúvida, a nação mais afetada foi a China (já era previsível), cujas tarifas efetivas são agora de 125% após um aumento adicional de 50% como resposta à retaliação do governo chinês, que mantém um imposto de 84% sobre os bens norte-americanos. Donald Trump aplicou ainda tarifas adicionais de 21% no dia 9 de abril, justificando a medida pela "falta de respeito que a China demonstrou perante os mercados internacionais". Muitas das restantes nações que sofreram os golpes mais duros estão localizadas na Ásia, incluindo o Camboja (49%), Vietname (46%) e Mianmar (44%). Entretanto, o novo presidente norte-americano foi relativamente "meigo" com a Índia e a União Europeia, com tarifas de 27% e 20%, respetivamente. Após o choque inicial, com outra atitude tipicamente aleatória, estas taxas foram reduzidas para 10% durante um período de 90 dias para todos os países, excluindo a China, com o objetivo de abrir a porta a negociações.
Sem surpresas, o impacto sobre as bolsas de valores foi bastante devastador, com uma queda superior a 10% em ambos os índices S&P 500 e Nasdaq 100 desde o "Dia da Libertação" de Donald Trump. No entanto, o índice A50 da China perdeu apenas 3% durante o mesmo período, embora o Hang Seng tenha apresentado um declínio de 12,5%. Mas não foram apenas as ações que sofreram as consequências. O crude, matéria-prima vital para a indústria mundial, também registou uma queda de 20% desde o início da guerra comercial. O Brent caiu para $60,40 por barril na manhã de 8 de abril, representando uma mínima desde 2021. Serão apenas reações exageradas a um acordo comercial que pode impulsionar a economia mundial a longo prazo, ou será que a angústia irá prevalecer durante a segunda metade do ano?
(Re)ações
Como uma expressão das expetativas para as grandes empresas no futuro, não é surpreendente que as ações tenham apresentado resultados pobres após a escalada da guerra comercial entre os EUA e os restantes países do mundo. As empresas americanas são altamente dependentes da importação, e vão ser obrigadas a suportar os enormes custos associados à deslocação das suas instalações de produção ou transição para uma estrutura de aquisições baseada exclusivamente em matérias-primas provenientes dos próprios Estados Unidos da América. Após a sua liderança ao longo do mercado bullish dos últimos três anos, as ações das "Sete Magníficas" — Apple (AAPL), Alphabet (GOOGL), Microsoft (MSFT), Amazon (AMZN), Meta (META), Tesla (TSLA) e Nvidia (NVDA) — são as mais afetadas pela atual recessão. Os maiores sete nomes do setor tecnológico, cuja produção depende em grande medida de relações comerciais saudáveis com a China, perderam coletivamente cerca de $1 bilião da sua capitalização de mercado durante as primeiras sessões de trading após o anúncio das tarifas. As suas perdas irão provavelmente atingir percentagens de dois dígitos.
A Reserva Federal dos EUA pode prestar algum apoio sob a forma de cortes antecipados nas taxas de juro, e as empresas também podem beneficiar de quaisquer ações concretas para iniciar uma fase de negociação com a China. No dia 8 de abril, Trump declarou que "a China está desesperada por um acordo", manifestando em simultâneo a sua disponibilidade para negociar. As ações chinesas demonstraram resultados relativamente estáveis, perdendo apenas 3% em média, após a recuperação de uma queda mais profunda. A estabilidade foi justificada pela promessa do governo chinês em mobilizar o fundo soberano, Central Huijin Investment, para a compra de ETFs da China continental. O índice chinês de grandes empresas CSI 300 (.CSI000300) aumentou 1,7% e 1,6% após a notícia. A intervenção governamental do PCC, e possivelmente da Reserva Federal, deve ajudar a evitar quedas adicionais até que sejam iniciadas as negociações.
Instabilidade ao barril
Obviamente, o outro ativo mais afetado pelo Dia da Libertação foi o petróleo bruto. O combustível está frequentemente correlacionado com a força da produção industrial e do comércio internacional, uma vez que é essencial para alimentar a indústria de países como a China e a Índia, e para transportar os produtos finalizados para os restantes mercados mundiais. Praticamente todos os tipos de crude, desde o Brent ao WTI, apresentaram um declínio de 20% na abertura dos mercados na quarta-feira, 9 de abril. De seguida, Trump anunciou durante a tarde desse mesmo dia tarifas menores para todos os países, à exceção da China, impulsionando os preços dos futuros de petróleo bruto dos EUA em mais de 4%, representando o seu melhor dia desde outubro de 2024. O Brent manteve-se em zona mais estável nos $64,70 por barril, enquanto o petróleo de referência dos EUA ultrapassou os $60 para atingir os $62,35. No entanto, os traders permanecem preocupados. Uma guerra comercial à escala mundial pode despoletar um período de recessão e reduzir novamente o nível de procura do petróleo bruto.
Em simultâneo, a OPEP+ concordou em acelerar a produção em maio, introduzindo mais petróleo a um mercado que já regista um nível excessivo de oferta. Helima Croft, Diretora Global de Estratégia de Commodities da RBC Capital Markets, designou como "cocktail tóxico" a combinação de uma potencial recessão com o aumento da oferta de petróleo, e é possível que tenha razão. Para complicar ainda mais as contas, as conversações entre os EUA e o Irão sobre o programa nuclear, que deverão ter início durante este fim de semana em Omã, podem provocar um aumento adicional na oferta de petróleo, caso um resultado positivo coloque o crude iraniano novamente no mercado global. No entanto, é um ponto positivo enquanto nos aproximamos do verão, onde observamos tipicamente um aumento substancial do consumo, devido ao número superior de veículos nas estradas. Este ano, o efeito será ainda mais pronunciado, considerando que a falta de dinheiro na algibeira influencia as pessoas a optarem por férias no seu próprio país, em vez de viajarem internacionalmente. É uma forma típica de atenuar a pressão sobre o custo de vida e "apertar o cinto" em preparação para uma potencial recessão. Contudo, com as negociações firmemente em cima da mesa, parece que esta foi mais uma lição da "arte da negociação" de Donald Trump, que pode acabar por beneficiar significativamente os EUA e promover o crescimento para a segunda metade de 2025 e o futuro.
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