Euro fecha abaixo do USD pela primeira vez desde 2002

Não foi há muito tempo que escrevemos sobre a paridade EUR/USD, pela primeira vez, em duas décadas. Bem, agora a Fibre atingiu outro nível mais baixo, com o seu primeiro encerramento diário abaixo de 1:1 desde 2002. Nas negociações recentes, a taxa cruzada caiu de uma alta de 1,0046 para uma baixa de 0,9926, e desceu em cerca de 1%, antes do tão esperado Jackson Hole Economic Symposium.

Para piorar as coisas, muitos estrategas do forex acreditam que é apenas o início de um longo bear market da moeda única da UE, e que devemos preparar-nos para novas baixas nos próximos meses. Então, o que está por detrás do terrível desempenho do euro ultimamente, e quais são as implicações para investidores, traders e consumidores comuns?

Inflação, inflação, inflação

Embora seja verdade que, neste momento, todo o mundo está sob pressão inflacionária, nenhuma região foi mais atingida do que a Europa. De acordo com o Eurostat, quase metade dos 19 países da zona euro atingiram atualmente a inflação anual de dois dígitos. As razões para tal são muitas, mas a principal delas é a falta de espaço de manobra que o BCE se deixou, em termos de taxas de juro. 

Tendo estado próximo ou abaixo de zero, ao longo da maior parte da última década, o regulador Europeu foi incapaz de reagir de forma tão radical como a Fed e outros bancos centrais mundiais, ao aumento da pressão dos preços pós-pandemia.

A instabilidade política local e a incerteza energética associada também tiveram um papel significativo no aumento dos preços. Com aumentos médios de 50% na electricidade e outras fontes de combustível, tem ocorrido um efeito de arrastamento inevitável nos custos de produção e, consequentemente, no preço dos produtos finalizados.

O dinheiro é sempre melhor…

Outro fator inegável por detrás da recente paridade deste par de moedas é a força extrema do dólar Americano. Embora a Reserva Federal mereça algum crédito pelo seu ambicioso e oportuno programa de aumento de taxas, a fonte da força do dólar é muito mais profunda do que a política monetária. Diga-se o que se disser, o dólar dos EUA ainda é a moeda de reserva do mundo e, como tal, é considerada um porto seguro, em tempos de incerteza económica.

Os rendimentos mais altos das obrigações do Tesouro, em resultado do aumento da taxa da Fed, contribuem obviamente para a atratividade do dólar. Para além disso, bens de consumo valiosos, como petróleo e outros, são denominados em dólares Americanos. No entanto, é importante lembrar que um dólar forte não é particularmente desejável para Washington, uma vez que torna as exportações dos EUA mais caras. À medida que muitos representantes da Fed se dirigem para Jackson Hole, a pedir outro aumento de 0,75 pontos base em Setembro, a possibilidade do gás Americano aquecer as casas Europeias, neste Inverno, parece no mínimo remota.

Então, para onde é que estamos a caminhar?

À medida que a Europa se aproxima cada vez mais da recessão e com os EUA a estarem pouco atrás, é difícil prever onde é que o EUR/USD irá parar a curto e médio prazo. E alguns podem muito bem argumentar que esta é a menor das nossas preocupações. É fácil esquecer que o aumento das taxas de juros dos EUA não só fortalece o dólar; também significa pagamentos hipotecários mais elevados para devedores comuns e redução dos gastos de consumo. Este é outro fator importante que leva os decisores políticos do BCE a adotar uma abordagem mais tímida às taxas de juro da zona euro.

Com a maioria das autoridades da Fed claramente decididas a continuar com a política hawkish, é provável que Fiber continue a sua tendência de baixa nos próximos meses, embora muito dependa igualmente das ações do regulador Europeu e da sua contraparte Americana, bem como do contexto geopolítico e de economia externa da região. Após o discurso da Powell Jackson Hole nesta quarta-feira, todos vão estar de olho no Banco Central Europeu, à medida que se prepara para disponibilizar a ata da reunião anterior, na quinta-feira, 25 de Agosto.

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