Enquanto nos preparamos para encerrar 2022, a maioria dos traders está feliz por virar as costas a este ano dececionante para a maioria das classes de ativos. Com tudo aparentemente a desmoronar-se, quase não existia um lugar seguro para armazenar ou aumentar a riqueza. As ações de empresas no setor da tecnologia começaram a cair a pique e até os principais índices, como o S&P 500 e Nasdaq, sofreram declínios superiores a 20% e 30%, respetivamente. No mundo das criptomoedas, o massacre foi inimaginável, com a descida de 70% da Bitcoin desde o início do ano.
No ano passado, pela mesma altura, o otimismo era palpável: estávamos finalmente a deixar a pandemia para trás e, apesar de valores recorde atingidos em vários instrumentos, o futuro seria cada vez melhor ou assim pensávamos. A inflação elevadíssima, a devastadora crise energética e uma iminente recessão global afetaram tudo, menos o ouro e o USD, que apresentou um aumento recorde de dois dígitos nos últimos 12 meses. Mas o que os participantes no mercado estão desesperados para saber é se 2023 irá finalmente apresentar o final destas calamidades e enviar novamente os "ursos" para hibernação.
Inflação, inflação, inflação
A principal manchete das notícias económicas ao longo do último ano tem sido a inflação, considerando que este indicador se manteve nos dois dígitos durante grande parte de 2022, atingindo o valor máximo de 18% na Europa em setembro. Obviamente, isto foi um golpe duro para o poder de compra dos consumidores comuns e, consequentemente, para as taxas de câmbio de todas as moedas europeias. Por sua vez, também significou a reversão do fluxo de capital em ativos de risco como ações e criptomoedas. Obviamente, é provável que detentores de USD, ouro e outras matérias-primas tenham conseguido preservar os seus bens, ou tenham até lucrado ligeiramente, mas comparativamente aos lucros substanciais do mercado bull de 2021, qualquer lucro foi insignificante.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) subiu as suas taxas num total de 425 pontos base desde o início do ano, o que ajudou os EUA a evitar o pior. Os bancos centrais europeus reuniram-se para colocar um travão na inflação, sendo que o Banco da Inglaterra e o BCE aumentaram as suas principais taxas de juro por 340 e 250 pontos, respetivamente. Atualmente, a inflação no Velho Continente é inferior a 10% e as últimas previsões macroeconómicas do BCE indicam a descida até aos 3,6% no final de 2023. De acordo com diferentes analistas económicos, neste cenário, antecipa-se que os valores das ações e outros instrumentos de risco recuperem em linha com o poder de compra dos consumidores.
Mantendo as luzes acesas
Como se a hiperinflação não fosse suficientemente danosa, os residentes da Europa também tiveram que enfrentar uma grave crise energética. Os preços do gás natural aumentaram quase 400% entre janeiro e agosto de 2021. Embora tenham descido significativamente desde então, para 92,50 € por MWh, mesmo agora, os preços ainda são aproximadamente 500% mais altos do que em 2020. Entretanto, os custos da eletricidade a grosso mais do que duplicaram em 2022 e os combustíveis estão dez vezes mais caros do que há dois anos. Claro que o impacto nas famílias não foi tão severo, mas ainda foi suficiente para reduzir significativamente os rendimentos disponíveis. A consequente redução de gastos por parte dos consumidores afetou diretamente os fabricantes, causando a estagnação nos preços das ações do setor.
Como em qualquer crise complexa, as razões são várias e incluem fatores de instabilidade geopolítica e as tarifas associadas sobre países produtores, a desativação inesperada do gasoduto Nord Stream e uma ênfase excessiva em energias renováveis caras e insuficientes em detrimento da energia nuclear. Compreensivelmente, a mineração de criptomoedas, uma indústria de elevado consumo energético, sofreu danos severos. O rápido aumento nos custos de mineração, em combinação com os preços baixos das moedas e dificuldade acrescida, criou um ciclo de feedback negativo de preços em declínio. No entanto, se os preços se conseguirem estabilizar abaixo do custo da mineração no próximo ano, os analistas preveem a chegada de um novo período bullish.
Não diga a palavra "Recessão"
Por muito que os governos tentem adiar o inevitável, tudo aponta para que em breve sejamos obrigados a aceitar a realidade de que várias das economias do mundo estão agora em recessão técnica. A combinação da subida da inflação, aumentos nos custos dos combustíveis e matérias-primas, e ruturas nas cadeias de abastecimento provocadas pela política "zero COVID" da China foi devastadora para a comunidade empresarial e o comércio global em geral. Uma sondagem conduzida pela Reuters indicou uma probabilidade de 78% para uma recessão na Zona Euro dentro de um ano, enquanto Bruxelas admitiu que podemos antecipar uma entrada em recessão no Ano Novo. Entretanto, o PIB do Reino Unido já caiu (-0,2%) pelo segundo trimestre consecutivo, o que significa que a Grã-Bretanha já se encontra em recessão técnica.
Por muito assustador que isso pareça inicialmente, as perspetivas não são assim tão sombrias como pensamos para a Europa. Na verdade, num relatório recente, a Goldman Sachs previu uma "recessão mais superficial" para a UE, afirmando que "a economia da Zona Euro irá contrair-se em apenas 0,7% entre o quarto trimestre de 2022 e o segundo trimestre de 2023 (contra os 1,1% apresentados anteriormente)". É óbvio que uma recessão, independentemente da sua gravidade, nunca é a melhor notícia para matérias-primas e fabricantes, mas uma recessão moderada pode ser boa para os principais bens de consumo, o dólar americano e o ouro, enquanto os pobres apertam os cintos e os ricos procuram por um porto seguro para a sua riqueza. De qualquer forma, será necessário continuarmos atentos aos dados do PMI (Índice dos Gestores de Compras) e PIB durante o primeiro semestre de 2023, para tentar identificar o ponto de reversão.
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