Devido ao coronavírus, as ações das empresas tecnológicas globais gozavam de um auge sem precedentes. Era algo espetacular, com as empresas a conquistarem dez anos de lucros, em apenas alguns meses. No entanto, houve uma exceção notável: a China.
Isto foi particularmente surpreendente, tendo em conta a subida vertiginosa da taxa de crescimento da maior economia asiática e da sua posição atual no ciclo do desenvolvimento. Longe de rivalizar com as suas homólogas dos EUA, a Alphabet, Amazon e Facebook, as gigantes tecnológicas da China, Alibaba, Baidu e Tencent, viram os seus preços diminuir em 40-50%. Mas, por mais chocante que tudo isto pareça, existe, de facto, uma explicação perfeitamente compreensível para tal.
Assim sendo, será este o fim do caminho para as ações chinesas ou estaremos a assistir a uma oportunidade de compra única? Sem uma bola de cristal, é impossível dizer para onde se encaminham os preços. No entanto, o que podemos fazer é analisar as razões subjacentes aos recentes declínios e avaliar as perspectivas futuras do espaço tecnológico na China.
Então, qual é a história?
Não é segredo que as autoridades chinesas já há algum tempo que têm manifestado cautela em relação às grandes empresas tecnológicas. E foi assim que o advento do coronavírus coincidiu com as entidades reguladoras terem finalmente reduzido o setor outrora livre. O grosso da ira caiu sobre o CEO da Alibaba, Jack Ma, levando ao cancelamento da OPI da Ant Financial e a multas antitrust, no valor de 2.8 mil milhões de dólares, a nível do imposto sobre o comércio eletrónico. Isto levou a uma diminuição de quase 70% no preço das ações da Alibaba e a um início de uma reação em cadeia entre as ações das empresas tecnológicas chinesas, dando início a uma tendência descendente, cujo fim ainda não está à vista.
Na realidade, porém, isto era algo já há muito previsível. O CCP tem vindo, gradualmente, a tomar medidas legislativas para refrear os seus maiores detentores de dados, a começar pela Lei de Segurança Virtual (aprovada em 2017). Seguiu-se a Lei de Segurança de Dados (promulgada em 2021), sendo o trio, por fim, concluído com a Lei de Proteção de Informações Pessoais (também promulgada em 2021). Agora que o governo tem o seu quadro jurídico de proteção, isto poderá simplesmente significar o fim das medidas repressivas. Supondo que todos seguem as medidas das entidades reguladoras, a maior parte dos danos pode já ser contabilizada nas ações de Alibaba, Baidu e Tencent.
Mas porquê?
A razão para a ofensiva regulatória do CCP é, na verdade, bastante simples. Os dados foram anunciados como o novo ouro e ninguém o reconhece de forma mais crítica do que o governo chinês que identificou, recentemente, os dados como um "fator de produção" ao nível dos fatores tradicionais da política económica socialista: terra, trabalho, capital e tecnologia.
Face a esta realidade, é compreensível que as autoridades não estejam particularmente satisfeitas com os seus maiores detentores de dados a serem cotados nas bolsas de valores dos EUA, onde podem ser obrigados a partilhar bytes preciosos com as entidades reguladoras locais. Não é coincidência o facto de, ao longo dos últimos anos, termos assistido a uma série de presenças em bolsa secundárias em Hong-Kong da elite tecnológica da China. O governo chinês tem vindo a incentivar as empresas a migrarem para as bolsas dentro da sua esfera de influência, há já algum tempo, uma vez que este procura construir a sua própria resposta sediada em Xangai para o Nasdaq, o Star Market.
Isto explica o porquê de a Didi (que ainda não tem uma segunda cotação) ter sido tão duramente atingida após a OPI, com as autoridades a removerem as suas aplicações das lojas nacionais, por suspeitas de violação de dados. Uma vez que a Alibaba, a Tencent e a Baidu já estão cotadas na Hang Seng, poderiam estar a caminho de recuperar a confiança das entidades reguladoras chineses e algum do seu valor que se perdeu juntamente com esta.
Quando é que tudo vai acabar?
A verdade é que ninguém tem a certeza. Embora pareça haver uma luz ao fundo do túnel relativamente às questões regulamentares, o atual clima macroeconómico torna difícil dizer, com exatidão, quando é que o crescimento irá regressar. Para além da crise imobiliária local, a elevada taxa de inflação mundial está também prejudicar os principais exportadores do país. Embora este possa ser um problema contínuo para a Alibaba, a Tencent e a Baidu podem considerar-se afortunadas por o seu negócio não ter sido afetado pelo aumento dos preços das matérias-primas.
Independentemente desta questão relativamente menor, há certamente muitos fatores positivos para todo o setor tecnológico chinês. Primeiro, depois de tanta pressão ultimamente, não há muito mais espaço para a queda considerando o seu futuro certamente assegurado como algumas das maiores empresas chinesas. Para pôr as coisas em perspetiva, a Alibaba caiu 58% à data de apresentação do presente documento, enquanto a Baidu e a Tencent não estão a ter resultados muito melhores, com perdas de 32% e 39%. Juntamente com o facto de todas estarem presentes, de alguma forma, nos países em rápido desenvolvimento do Sudeste Asiático, isso dá-lhes todas as hipóteses de alcançar a capitalização de mercado das equivalentes Norte-Americanas Amazon, Alphabet e Facebook, ao longo dos próximos dez anos, tornando os preços atuais verdadeiramente vantajosos.
Existe alguma maneira de brincar com um Grande Tigre?
A tentativa de negociar no mercado é sempre arriscada, o que é especialmente verdade quando se trata da China. Existem demasiadas variáveis, políticas e não só, para fazer apostas a curto prazo sobre ações individuais. Quanto à alavancagem, nem pense nisso! Tudo isso à parte, todo e qualquer investidor sério deveria ter, pelo menos, uma parte da carteira investida no centro de poder asiático.
Embora os riscos a curto prazo sejam muito reais (e totalmente imprevisíveis), é difícil imaginar um cenário em que as gigantes tecnológicas da China não desenvolvam inúmeras vezes os seus negócios ao longo da próxima década. Assim sendo, qualquer forma de medida a longo prazo e o investimento não alavancado (nunca é demais frisar) nestes instrumentos deverão, pelo menos, estar no radar até dos investidores mais avessos ao risco, especialmente nestas avaliações.
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